segunda-feira, novembro 13, 2006

Ter certeza da incerteza...

... e muitas cautelas para não fazer asneiras
À célebre frase "só sei que nada sei" junto "a única certeza que tenho é a da incerteza" que vai ao encontro da expressão (não me recordo de quem mas que gosto especialmente) de que "planos, é o que se faz enquanto a vida acontece" (mais ou menos isto). Essa é que é essa...
O Homem tem na sua natureza, uma capacidade de adaptação e flexibilidade que lhe permite sempre encontrar o caminho que mais lhe convém para "atalhar" os seus próprios objectivos. É que não há volta a dar. Nem por mais incentivos que se criem, esta é a "verdade" com que o urbanista (eu, eheh) tem que lidar. Tudo o que faça ou se proponha fazer terá inevitavelmente reflexos imprevistos (alguns, também não é tudo). É a vida!
Então, se a evolução é incontrariável, imponderável e neste sentido incontrolável, para quê este trabalho todo, perguntarão?
Antes de mais, esta situação é a prova da aplicação prática da teoria de que para cada acção há uma reacção. Convirá assim, reduzir riscos das más e maximizar meios para as boas. Por outras palavras, ter muitas cautelas para não asneirar - desenhar o que é certo, apontar o previsivel, sugerir o possivel, e perante o imprevisto, ficar quieto . Parece simples, mas não o é.
Não pode haver manias modernistas de impor "vontades" elitistas. Azarito! Afinal não se está a trabalhar em casa própria mas antes na "casa de todos" (isto já parece bíblico). Quando é dificil controlar a natureza de um só indivíduo, como se poder querer controlar todas que por aí andam. O mais certo é ninguém respeitar a "vontade divina do criador", e o resultado será desatroso para todos (ele inclusivé). Ora, se até Deus não controlou a tentação do fruto proibido, como poderemos nós fazê-lo, não é? (já cá faltava)
Assim, o grande desafio é actuar dentro das limitações e oportunidades da natureza humana. Compreender e tirar partido dos próprios comportamentos, ensinamentos da história e conhecimentos profundos dos contextos e matérias, para antever soluções e impactos, na certeza que muita coisa acontecerá entretanto. Uma pessoa senta-se onde lhe dá mais jeito ou onde lhe é mais agradável. Não é por colocar um banco que as pessoas se vão necessáriamente sentar nele.
O urbanismo é uma área de enorme complexidade disciplinar mas deveras entusiasmante. A aprendizagem nunca acaba e tudo são novas oportunidades.

Enquadramento a uma tese...02

A produção e experimentação urbanística nas autarquias são actualmente reféns de um “círculo vicioso” de difícil resolução que tende a perpetuar a inoperacionalidade existente:
  • Por um lado, a melhoria de “condições” não constitui à partida uma prioridade de mudança do ponto de vista dos decisores, detendo estes o poder para tal, compreensível face ao “descrédito” e “resultados” menos satisfatórios na actividade actual de planeamento;
  • Por outro, por falta dessas “condições”, a produção, aprendizagem e experimentação contínua não tem a oportunidade de se consolidar nem de, consequentemente, melhorar os “resultados” esperados pelos decisores e técnicos.
(...) A desmistificação da imagem de “confusão” associada à inoperacionalidade dos mecanismos actuais, parece ser, nesta fase, uma contribuição viável, já que na sua origem, estarão as debilidades politico-técnicas herdadas da acção passiva recente do planeamento municipal, que dificultam, numa generalidade de casos, a percepção “correcta” e a montante dos “problemas”.

Nota: Quem quizer mais, favor contribuir com 5€, que eu envio. Tenho que pagar a "mestra".